Milena Albuquerque

Me chamo Milena Albuquerque, sou psicóloga de atuação clínica e apaixonada por diversas formas de arte. Cresci em um ambiente matriarcal, sendo filha de uma mãe solteira e artesã. Minha trajetória foi permeada pela interseccionalidade, uma distinção por raça, gênero e classe que só compreendi durante meu ensino superior. Foi nesse contexto que encontrei a artesania da alma e a oratória. Durante minha jornada acadêmica, participei ativamente de projetos, eventos e monitorias, onde a oratória se revelou como uma habilidade essencial. No entanto, foi apenas ao passar por um processo terapêutico que a artesania da alma ganhou significado em minha vida. Essa jornada foi um divisor de águas, permitindo-me compartilhar o peso que carregava, receber acolhimento e enxergar a vida de maneira mais leve.
Por meio dessa experiência pessoal, embora desafiadora, proporcionou-me uma melhor qualidade de vida e assertividade nos meus posicionamentos, sem simplificar a complexidade da existência. A vida, assim como a arte, requer que sejamos inteiros, juntando nossos pedaços e nos enxergando como um todo, apesar das imperfeições. Foi libertador perceber que somos mais do que nossas experiências passadas, independentemente de quais sejam. E apesar de todo floreio que coloco, não significa que foi um mar de rosas esse período, pois cheguei na análise sem base, construir ela exigiu muita disposição, abertura e flexibilidade. O preço simbólico dessa base não foi baixo, mas o valor de me encontrar valeu a pena. A artesania da alma ou processo terapêutico, como queira chamar, me cativou de forma inexplicável, como quem acerta no escuro, não se sabe muito bem o que, mas sabe que acertou algo profundamente significativo.
Enquanto minha mãe se dedicava à estamparia, pintura e miçangas, eu me entreguei à minha vivência acadêmica, que foi muito mais do que um simples ensino superior. Foi uma jornada de crescimento e amadurecimento pessoal que fizeram a profissional que sou hoje. Com isso no meu trabalho profissional, valores como humanização, sensibilidade, pluralidade e análise social são os pilares que guiam meu caminho. Pois foram os mesmos, que me acolheram, deram base, ombro e colo quando mais necessitei. 
Sendo assim, apesar das diferenças entre "as artes" de ambas, a paixão, dedicação e zelo são evidentes, peça por peça, pessoa por pessoa, podem ser vistos refletidos no brilho de nossos olhos. A arte alimenta a alma e é uma forma de expressão para aqueles que talvez não compreendam completamente o que sentem, mas se sustentam através dela. Como disse Alexandre Reis, ‘ A arte é uma corda bem cumprida trançada para resgatar pessoas afundadas em abismos’. 
Então digo, viver é arte, errar faz parte.
Vem descomplicar a arte de viver comigo?